For the Brazilians:
Como muitos dos meus amigos na minha “bolha” eu assisti emocionado à posse do Presidente Lula. Quanta diferença do ex-presidente! Lula é humano, inteligente, articulado, empático. Ele não tem a masculinidade tão frágil a ponto de se refugiar atrás de uma máscara de líder machão, como faziam Collor e Bozo, com resultados patéticos.
Claro que ele deve ter tido um time de “speech writers” por trás do seu discurso, mas com certeza as pautas são dele. E que discurso! Ele disse ali tudo o que eu esperava que dissesse, expressou tudo o que eu, como brasileiro, esperava. Ele identifica corretamente as prioridades do país, se emociona ao falar das pessoas que sofrem, diz que não é animado por um espírito de revanche, mas que os malfeitores da familícia e seu entorno de personagens grotescas terão de responder por seus crimes conforme a lei. Ele identifica corretamente o projeto Bolsonarista como um projeto de destruição do país e do processo civilizatório que devemos ainda cumprir.
Mas ele disse uma coisa que me chamou a atenção. E eu ouvi essa idea sendo expressada por vários ministros empossados e até por governadores. Ele definiu o governo como “cuidado”. O governo existe para “cuidar” das pessoas. Essa concepção de governo não é nova (veja-se o welfare state), mas no contexto brasileiro, é revolucionária.
Até hoje, tivemos líderes que se preocuparam em expressar uma ideia de liderança ligada ao controle, ao patriotismo, à liderança masculina e, muito peculiarmente, ao enfrentamento de um “inimigo” comum (o “comunismo”, o PT, o “crime”, a “inflação”). Bozonaro levou isso à sua expressão máxima e governou, durante quatro anos, para a sua “patota”, contra todos os outros.
Lula redefine a ideia desse lider “forte” através do carinho e do cuidado. A ideia de que necessitamos de um governo que cuide dos mais vulneráveis e que ajude a regenerar o planeta é muito importante. Essa noção do cuidado (ou carinho) é muito central nessa nova fase que vamos todos, como humanidade, atravessar.
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