Em defesa da propriedade privada

Amigos, Creio que vocês me entenderão quando eu disser que eu evito ler os comentários em posts de grupos públicos tipo o “Somos 70%” e afins. Comentário em post público é um poço infinito de reacionarismo, racismo, ignorância e outras podridões indescritíveis. E olha que eu sou um cara otimista por natureza.

Mas ao ler um post do Guilherme Boulos sobre o episódio da fala do Bostonaro em Davos, quando o representante americano expressou sua preocupação com a destruição da Amazônia e dos povos amazônicos, notei um fato interessante. A grande maioria dos “missivistas” (para não dizer haters de plantão) estava muito preocupada em apontar que Boulos não teria autoridade para comentar sobre o assunto, porque ele apoia o MST, e o MST não respeita a propriedade privada.

Ou seja, os missivistas estavam mais preocupados com a preservação da propriedade privada, mesmo que a propriedade não seja deles, do que com a preservação de um ecossistema essencial para a vida no planeta. Também não pareciam se importar muito com o entreguismo vira-lata rasteiro de Bosto. Desculpem o elitismo de esquerda caviar que vocês sabem que eu sempre fui, desde as minhas modestas origens no Jardin de la Santé1, mas era meio óbvio que a maioria dos defensores da propriedade privada ali não eram exatamente donos de glebas.

É um fato interessante a defesa da propriedade por essas pessoas espoliadas, massacradas, chupadas até o sangue por um sistema corrupto e insustentável do ponto de vista moral, econômico e ecológico. Eu só consigo explicar isso por essa eterna aspiração à riqueza que as pessoas têm, justamente por serem tão massacradas. Ou seja, elas querem escapar da opressão em tornando-se opressoras. Quem afinal não sonhou em ir passar férias na Disney, visitar a Casa Branca, e ir a Las Vegas ver show da Céline Dion que atire a primeira pedra (Eu sei, amigo esquerdopata, amiga comunistinha, o mundo é ingrato).

Fiquei triste… Que país é esse em que o povo oprimido e humilhado por um psicopata elevado a presidente da república, privado de seu futuro por todo tipo de políticas espúrias e entreguistas, e que acabaram com direitos civis adquiridos, ainda se levanta exausto, mas valente e ufanista, e defende bradando o direito à propriedade dos opressores. Sem mencionar o ódio que escorria dos comentários contra um cara que até onde eu saiba é um dos poucos políticos idôneos no Brasil nestes tristes anos 20. Sei…sei… eles estavam defendendo um “princípio”, claro. Ódio visceral ao “comunista”. É isso.

1. Comentário sarcástico, ja que eu me criei no Jardim da Saúde, bairro de classe média da cidade de São Paulo.

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